Todos os anos, milhares de pessoas compram ou adotam cães movidas por fotos fofas, vídeos virais e tendências das redes sociais. Algumas raças se tornam verdadeiros símbolos de status, enquanto outras aparecem como a “raça perfeita” para apartamentos, famílias ou iniciantes.
O problema é que as raças mais desejadas costumam ser também as mais devolvidas, abandonadas ou repassadas.
E quase ninguém fala sobre isso.
O fenômeno das raças da moda
Quando uma raça entra em alta, acontece um efeito previsível:
- A procura dispara
- Criadores irresponsáveis surgem
- Pessoas compram por impulso
- A realidade bate… tarde demais
O resultado são cães que não atendem às expectativas irreais dos tutores — não porque sejam “difíceis”, mas porque foram escolhidos pelos motivos errados.
As raças mais desejadas (e por quê)
Essas raças aparecem com frequência no topo das buscas, anúncios e redes sociais:
- Pug
- Bulldog Francês
- Spitz Alemão (Lulu da Pomerânia)
- Husky Siberiano
- Border Collie
- Golden Retriever
Todas têm algo em comum: imagem idealizada.
Agora, o que quase ninguém conta
1. Bulldog Francês e Pug: fofos, mas cheios de limitações
Essas raças braquicefálicas lideram listas de desejo — e de frustração.
Motivos comuns de devolução:
- Problemas respiratórios constantes
- Altos custos veterinários
- Intolerância ao calor
- Baixa resistência física
Muitos tutores não estavam preparados para o nível de cuidado necessário.
2. Husky Siberiano: lindo… e impossível para muita gente
O Husky é um campeão de devoluções.
Por quê?
- Energia extremamente alta
- Forte instinto de fuga
- Uivos constantes
- Necessidade diária de exercício intenso
Quem compra um Husky esperando um “cachorro tranquilo e bonito” acaba se desesperando em poucos meses.
3. Border Collie: inteligência não é sinônimo de facilidade
O Border Collie é frequentemente vendido como “o cachorro mais inteligente do mundo”.
O que esquecem de dizer:
- Ele precisa de estímulo mental diário
- Entra em estresse facilmente quando entediado
- Desenvolve comportamentos destrutivos se ignorado
Não é uma raça para tutores sedentários ou sem tempo.
4. Spitz Alemão (Lulu): pequeno, mas exigente
O Lulu parece perfeito para apartamentos, mas é um dos cães mais devolvidos por:
- Latidos excessivos
- Ansiedade por separação
- Comportamento territorial
- Necessidade constante de atenção
Muitos tutores não imaginavam que “tão pequeno” poderia dar tanto trabalho.
5. Golden Retriever: o “cachorro perfeito” que cresce
O Golden é amado por famílias, mas também aparece em devoluções.
Motivos frequentes:
- Cresce muito mais do que o esperado
- Energia alta por vários anos
- Necessidade de companhia constante
Quem compra um filhote pensando apenas na fase fofa esquece que ele será um cão grande, ativo e dependente emocionalmente.
Por que essas raças são devolvidas?
Os motivos se repetem:
- Escolha baseada em estética
- Falta de informação real
- Rotina incompatível
- Expectativas irreais
- Influência de redes sociais
O problema não está nas raças.
Está na forma como elas são escolhidas.
O impacto disso tudo
Quando uma raça vira moda, surgem consequências graves:
- Abandono silencioso
- Repasses “disfarçados”
- Cães emocionalmente instáveis
- Aumento de cães em abrigos
Tudo isso poderia ser evitado com informação antes da decisão.
Como escolher a raça certa (ou decidir não escolher)
Antes de comprar ou adotar, pergunte-se:
- Quanto tempo real eu tenho por dia?
- Minha rotina é ativa ou sedentária?
- Moro em casa ou apartamento?
- Posso arcar com custos veterinários inesperados?
- Quero um cão calmo ou cheio de energia?
Responder isso com sinceridade evita sofrimento — para você e para o cachorro.
Conclusão
As raças mais desejadas não são, necessariamente, as mais compatíveis.
Escolher um cachorro não é seguir tendência.
É assumir um compromisso de anos com um ser vivo que depende totalmente de você.
Quando a escolha é consciente, não existe “raça devolvida” — existe parceria.


